Por Beto Besant
Primeiro filme dirigido pelo experiente diretor de novelas Marcos Paulo, apesar do interessantíssimo argumento, é um filme que não “decola”.
Este tema, tão fascinante e ao mesmo tempo com todos os ingredientes para se fazer um filme de ação que agrade a crítica e público (vide exemplos como Cidade de Deus e Tropa de Elite) se perde num roteiro fraco, direção superficial e elenco descomprometido. O elenco é recheado de estrelas conhecidas pelo público, como: Lima Duarte, Tonico Pereira, Giulia Gam, Heitor Martinez, Cassio Gabus Mendes, Antonio Abujamra e Milton Gonçalves. E outros não tão populares mas não menos talentosos como: Gero Camilo, Milhen Cortaz, Hermila Guedes e Vinícius de Oliveira. Apesar do elenco experiente e talentoso, a maior parte do elenco está deslocada, destacando-se apenas Tonico Pereira, Heitor Martinez, Hermila Guedes e Vinícius de Oliveira, que surgiu ainda criança no filme Central do Brasil (de Walter Salles Jr) e está muito bem como coadjuvante.
Destaque do filme: Tonico Pereira |
Nota-se que é uma produção bem esmerada, com um belo orçamento. Mesmo assim, erros crassos ocorreram, como a tatuagem no braço esquerdo do assaltante “Mineiro” (interpretado por Eriberto Leão), visivelmente uma tatuagem de henna, coisa que seria facilmente produzida com outras técnicas de maior qualidade (como foi feito em dezenas de atores e figurantes no filme “Carandiru”).
A trilha sonora está sempre repetindo o que a imagem já mostra, ao invés de ajudar a contar a história. Em determinada cena, onde a personagem Carla (interpretada por Hermila Guedes) entra no túnel cavado pela quadrilha, a trilha é feita por um solo de sax (quase uma caricatura de uma cena de sedução). Ou na cena em que as vans transportam o dinheiro roubado com um tema que parece ter saído de um comercial e TV.
Como se não bastasse, a direção é feita como se estivesse em uma minissérie televisiva, com muitos planos fechados e piadas fáceis, de gosto duvidoso. Além de “quebrar o eixo de câmera” diversas vezes.
A montagem tenta tornar o filme mais ágil, alternando três épocas distintas. Apesar de boa, não consegue salvar o filme. Talvez uma montagem linear prendesse mais a atenção do público, pois não “entregaria” com antecedência quais criminosos seriam presos.
Milhen Cortaz |
A montagem tenta tornar o filme mais ágil, alternando três épocas distintas. Apesar de boa, não consegue salvar o filme. Talvez uma montagem linear prendesse mais a atenção do público, pois não “entregaria” com antecedência quais criminosos seriam presos.
É um filme que deve ser visto mais pela curiosa história ocorrida em Fortaleza do que pela “obra cinematográfica”. Apesar de ter sido feito claramente visando o grande público que lotou as salas de cinema em Tropa de Elite I e II, não atinge seu objetivo em dialogar com o público.
Para quem quiser conhecer um pouco melhor a história fantástico do assalto, vale à pena assistir. Mas quem busca uma “obra cinematográfica”, quem possui conhecimento técnico de cinema, vale mais à pena aguardar que logo o filme estará na TV Globo.